segunda-feira, junho 28

Juntinho!

O grande inventor disso, disso tudo que eu estou sentindo se chama coração. É ele quem nos ensina a enxergar os momentos com outros olhos, com uns olhos mais sensíveis, menos cautelosos... talvez bem menos medrosos do que se possa encontrar!
Ele nos permite criar um tempo e um espaço onde podemos chamar de nosso, e nada pode tirar isso de nós.
O amor não é como relógio ou balança. Ele é marcado pelo tamanho do sorriso ou pelo peso do afago de um abraço. E por incrível que pareça, como passe de mágica ou não, eu tenho tudo isso, lá, lembra? No tempo suspenso e no espaço indefinido que nós criamos?
Fazia tempo que não me sentia assim. E é bom!
Esquecer que as horas sequer existem. Sim por que para nós elas não significam nada, a não ser um monte de números sobrepostos, que não nos levam a nada.
Você também sente isso?
Quem precisa de um passado para existir, sou eu, é você... Esse amor não! Esse amor é...
Lindo; é livre; é intenso; eterno; quente; vivo. Tem som, cor, sabor e até aroma mas...
Não posso tocá-lo! Ele é leve e talvez com o toque se quebre, se perca.
Não.
Deixa assim mesmo.
Só senti-lo me basta. Te basta também?



sábado, junho 26

O essencial é invisível aos olhos.


Meu bem hoje me pede pra apagar a luz... Mas pôs meu frágil coração na cruz do meu medo particular...
Sei lá, com a tua ausência tudo se transformou em caos... mas já são 4 e tal...
O desamparo que não me deixava dormir, as horas passavam por ali e eu já não sabia mais de nada. Respirei mas não adormeci.
Então... No meu externo silêncio e na gritaria que eu guardava, segui meu dia, sem ti e sem nada.
Faltava quase nada para o fim, mas lá vem você na madrugada... Com essa voz dizendo assim (...)
Agora já não lembro nada sobre rostos, letras, semelhanças... Não quero mais saber, não. Mais nada.
A alvorada vem aí... E pensei em quantas vezes fui injustiçada por tentarem buscar explicações para tudo, inclusive para o que se sente. Quer saber? Ainda estou confusa mas agora é diferente, finalmente estou tranqüila e contente!
O que era dor me deixou sorrir, por que abri meu peito e resolvi desatar os nós.

quinta-feira, junho 24

Não vivo na superfície das coisas...



Sei lá, tem sempre um pôr-do-sol esperando para ser visto.
uma árvore, um pássaro, um rio, uma núvem. Pelo menos sorria.
Procure sentir amor. Imagine, Invente, Sonhe, Voe! Se a realidade
te alimenta com merda, meu irmão, a mente pode te alimentar com flores.
Eu não estou fazendo nada de errado. Só estou tentando deixar as
coisas um pouco mais bonitas.

(Caio Fernando de Abreu)

terça-feira, junho 22

Ócio



B – É muito legal. Você faz um para mim?

M - É feito de casca de ovo e concreto...

B – Você faz um para mim?

M – Concreto, tinta e casca de ovo.

B – Não perguntei do que é feito, perguntei se você me faria um.

M – Toda vez que como um ovo, colo a casca ali e pinto com spray.

B – Você... Faz... Um... Para... Mim...?

M – Você pára de pensar em si mesmo em termos de eu, você pensa em nós.

B - Vamos logo pra cama... Você é lésbica?

quarta-feira, junho 16

Um dia de domingo...


Éramos pequenos. Pelo menos eu era.
Você apenas um menino, todo suado, sujo de lama e eu lembro... Todo domingo tinha grama no seu cabelo. É... os domingos...
Eu achava linda sua admiração pelo Ayrton Senna, ele realmente merecia... E eu não entendi muito bem... Era um domingo qualquer, mas havia algo estranho. Você não tinha suor, nem lama na camisa, muito menos grama na cabeça, Guga.
"Neste primeiro de Maio de 1994, morre em um trágico acidente o piloto Ayrton Senna"...
Te vi saindo como nunca havia visto tal cena em minha vida... Nós sentia-mos a tua dor.
O tempo passou, menino. Eu cresci, mas agora você já era um homem, pelo menos pra mim.
E eu continuava achando lindo quando ia para escola, você jogado nas escadas do prédio. E quando tua irmã me dizia "Só bebe, esse menino" lhe respondia "Quando crescermos vamos ser do mesmo jeito, Renata..." Dizia com os olhinhos brilhando, certamente.
Mais uma vez o tempo passou... A necessidade de ir embora do prédio foi gritando cada vez mais alto, e eu fui... Durante "todo" esse tempo nós nos falamos muito pouco... Em 2004 tudo mudou para nós, não é? Eu me mudei, nossos pais se separaram, Renata, que reclamava tanto de ti, de tão bebada engravidou com 15 anos. E você, Guga? Se internou a primeira vez com problemas no figado... Talvez ela tivesse razão... Tudo precisa de um limite, não é? Talvez o céu fosse o seu... Assim como era o do Senna...
Domingo... 13 de Junho de 2010, Eu não fui à sua casa brincar com tua irmã; não te vi sujo de lama ou fedido a suor, muito menos com grama na cabeça. Era domingo e já não passava pela minha cabeça se você continuara a fazer isso... Provavelmente não, né Guga? Onde você tava? Não sei... Talvez misturando os esportes e correndo, não atrás da bola, mas atrás do Senna... O que se pode pensar o que se passa na cabeça de quem está em coma? hum...
É Gustavo... É estranho... Nós tinha-mos um contato. Eu na minha e você na sua. E sempre nos demos bem assim. Esse contato podia ser frio, podia ser quase gélido, mas era um contato diário e até perceptível pois, se eu deixava de ir um domingo à tua casa, você sentia minha falta! Talvez neste domingo, onde eu não lembrava mais de você, você também não lembrasse mais de mim... ou lembrasse de mais alguém. Mas nós sentimos tua dor Guga. Da mesma forma que tu um dia sentiu a do Senna.
Se estás ao lado dele ou não... Não importa...
Teu futebol, teu suor, tua sujeira e as graminhas no cabelo...
Acho que é isso que você está fazendo agora!
Vai em paz garoto!

segunda-feira, junho 14

Carência feminina x Tédio masculino

VERÔNICA-

Onde estão as outra, as viúvas que

carpem os seus mortos com a senhora?

AMARA-

Logo mais vou me encontrar com elas.

Devem estar assustadas com o canto

da mulher loira que tanto persegue

as mulheres desta maldita ilha.

E depois do canto, o mesmo chamado

aos nossos homens que ela destruiu.

VERÔNICA-

Mas, tudo isso só vive na memória!

AMARA-

Para quem não tem presente, a memória

é a realidade única possível.

VERÔNICA-

Culpa-se uma mulher que não existe

para esconder a culpa que se traz.

AMARA-

Culpa? Culpa, Verônica? Que culpa?

VERÔNICA-

A de todas as mulheres desta ilha.

AMARA-

As mulheres daqui são bem mais puras

que as mais puras que possam existir.

VERÔNICA-

Depende do que entende por pureza.

AMARA-

Nós não temos traições nem bigamia. U

ma "prostituta" não há em toda ilha. A

quelas que aqui chegaram

nós expulsamos com todo rigor. D

e que culpa nos pode acusar?

VERÔNICA-

De violência contra a natureza. E

m nome da moral vocês destroem

o que mais puro há no ser humano.

Um amor que se esconde por vergonha,

que é sufocado como crime torpe.

De legítimo, torna-se bastardo

por temer assumir sua condição.

AMARA-

De que está falando?

VERÔNICA-

Do amor. Do amor q

ue nesta ilha dizem ser perfeito

e não é mais que um medroso contato

de corpos que se pejam de encontrar.

É frio, é triste como são tristes

os homens que buscam noutros leitos

satisfazer fantasias ideadas

na frigidez do leito da esposa.

AMARA-

O que sabe você de nossas vidas

para nos acusar de frigidez?

VERÔNICA-

Não é preciso saber muito. Basta

que se contemplem os homens daqui.

Toda a tristeza que há nos seus olhos

denuncia a frigidez do leito

que lhes matou a vontade de viver.

E só lhes resta como alternativa

engendrar sonhos loucos e fantásticos

no desespero do corpo insatisfeito...

Almejam a mulher inatingível

que os ame com furor inusitado,

c

om frenética entrega, sem recusas.

AMARA-

Fantasias! Somente fantasias

para justificar seus próprios gostos!

VERÔNICA-

Não, não são fantasias! Todos sabem

que o pescador professa a solidão

em que tece a teia de sonhos e imagens

que com ele compartilha o seu dia.

Quem trabalha e vive tão sozinho

calor humano precisa encontrar

na casa, na mulher, no leito quente

que afugente os fantasmas e duendes

que povoam os pensamentos solitários.

A Alamoa é um mito inventado

por mulheres que têm medo de amar

e por tristonhos homens sempre sós.

AMARA-

Não inventei fantasmas nem visões

nem transferi qualquer culpa à Alamoa

que já não houvesse sido aqui plasmada

na consciência de todas as mulheres

cujos maridos no mar se perderam.

VERÔNICA-

Perderam-se no mar pela Alamoa! (risos)

AMARA-

Sim. Foi ela quem perdeu nossos homens.

E seu marido navega a mesma senda

em que uma noite se perdeu seu pai.

E você permanece tão tranqüila

como se não temesse por sua vida

ou mesmo não lhe tivesse algum amor!

VERÔNICA-

Exatamente porque existe amor

entre nós, sei que Pedro voltará!

O amor há de ensinar-lhe o itinerário

e ser seu lume em meio à tempestade.


Texto: Alamoa, Pimentel, Altimar.

sábado, junho 12

Leva passarinho...


Dia comum. Com uma vontade comum de falar de amor. Vontade diferente de expressá-lo. Pessoas diferentes para expressá-lo.
Tenho muitos amores. Muitas paixões... Só consigo dizer que nada em vocês é opaco ou difuso. Tudo ganha cor. Tudo que é colorido me lembra vocês. Vocês me colorem e alegram meus dias. Todos vocês, os mais novos e os mais antigos, os que estão mais perto ou os que estão cada vez mais longe... Eu ouço vocês sem me aproximar.
Me tranquei por dentro de vocês e não sei mais sair.
Feliz dia dos Amores.

"Eu te amo, em todos os ventos que cantam;
em todas as sombras que choram;
na extensão infinita do tempo;
até a região onde os silêncios moram."

quarta-feira, junho 9

EUS

Como me chamo?
Ora, que importa meu nome?
Iguais a ele existem milhares de outros no mundo.
O que difere um ser humano do outro, não é um nome e sim a intensidades de suas vontades.
Possuo uma crueldade excepcional que, quando adormecida, cede lugar a uma ternura intrigante, curiosa, que me entorpece, me alivia.
Sou escrava dessas duas realidades.
Elas me fazem nascer e renascer, todos os dias, e me tornam humana.
Sempre que atravesso a delicada e invisível fronteira que as separam, sou tomada por uma espécie de estupidez execrável que,
com o passar dos anos, me fez perceber que o espaço que separa a vida da morte é feito de silêncio, do simples quebrar de um salto,
de uma brevidade não medida pelo tempo. Somos movidos por uma bomba-relógio chamada coração, cujo controle não nos pertence.
Deixei de sentir revolta, aprendi a não brigar com o que desconheço, perdi o sentido do pecado...
Eu sou filha do amor. Não de Deus, muito menos do Diabo.
Na ciranda das canções eu me ponho a revelar...
Hoje sei bem que sou eu que giro a minha vida circular. Essa roda eu quem invento. E faço tudo nela se encaixar.
É. Eu sou assim.


Textos "adapitados":
Lua Negra (Claúdia Magalhães)
Senhor dos Destinos (Claúdia Magalhães)
Era (Ana Carolina)