sexta-feira, dezembro 17

Querido diário...

Estava conversando com uma amiga e contando sobre as indignações que aparecem nos e-mails alheios...
Daí ela pediu pra eu postar esse último e-mail que eu recebi. E como este espaço está basicamente virando um diário de tão pouco freqüentado que está, vou publicar aqui o e-mail e a minha impressão/indignação sobre ele...

"A Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos e demais entidades signatárias vem manifestar seu repúdio e exigir providências públicas cabíveis, somando-se ao Procon Municipal de Vitória (ES) que determinou a retirada da propaganda da Cerveja da marca “Devassa” de uma choperia, e que está publicada na Revista Rolling Stones (Número 51, dezembro de 2010, paginas 6 e 7) e cadernos especiais de jornais, a qual divulga a frase “É pelo corpo que se reconhece a verdadeira negra...Devassa negra encorpada. Estilo dark ale de alta fermentação. Cremosa com aroma de malte torrado”.
A referida frase, que vem acompanhada da imagem de uma mulher negra é explicitamente desrespeitosa em relação a essas mulheres, cujo processo de racismo e discriminação a que estão submetidas historicamente no Brasil é caracterizado, entre outras manifestações, pela veiculação de estereótipos e mitos sobre a sua sexualidade. Uma forma de manter barreiras ao seu processo de inclusão na cidadania como pessoas com iguais direitos.
Esta cultura foi legitimada e legitimadora da escravização a que foi submetido o povo negro trazido da África por quase 500 anos, quando as mulheres negras, desde meninas serviam de iniciação sexual dos brancos, afetando suas vidas, saúde, e violando a sua dignidade como pessoas. Discriminações racial e de gênero se somam tornando a luta das mulheres negras pela igualdade um desafio difícil de ser vencido.
O Brasil é detentor de legislação nacional que tipifica e criminaliza o racismo e as discriminações por gênero e raça, é signatário de documentos internacionais que vedam estas manifestações e protegem os direitos humanos.
Tendo em vista que esta publicidade viola os direitos humanos e a dignidade das mulheres negras, referindo-se ao seu corpo e sua sexualidade, e que a Cervejaria Devassa é reincidente na veiculação de publicidade em que trata mulheres a Rede Nacional Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, apoiada amplamente pelo movimento de mulheres, expressa sua indignação e exige providências do Conselho Nacional de Auto-regulamentação da Publicidade – CONAR, assim como encaminha aos órgãos de defesa dos direitos humanos solicitação de medidas cabíveis.

REDE NACIONAL FEMINISTA DE SAÚDE, DIREITOS SEXUAIS E DIREITOS REPRODUTIVOS"

Agora eu pergunto...
Há cabimento uma coisa dessas? Existem palavras tão bem empregadas nesse texto, um discurso maravilhoso... Mas que não tem coesão alguma com o que está sendo reclamando. Pergunto-me em que momento a empresa da cerveja Devassa faz alusão ao sexo? E em que momento vocês encontram um discurso que possa se encaixar às alusões históricas da discriminação racial no Brasil? Não meus queridos, não há preconceito no anúncio da cerveja. Esse não é o foco deles. Eles não alimentam nenhum contexto que se possa desdobrar os sentidos das frases na propaganda. Eles estão vendendo uma cerveja cujo o nome da marca é Devassa. E pra quem não sabe existe a Devassa Loira, Ruiva e Negra. E as informações das propagandas fazem alusão ao corpo da CERVEJA e não da mulher. Se a interpretação chega com olhos maldosos à grande maioria, é por que o preconceito está na cabeça dessa massa e não no teor da propaganda.
Enfim.
Sou negra, de pele e de consciência, sei ler, interpretar e beber.
E eu degusto e adoro uma Devassa.

segunda-feira, dezembro 6

Se você fosse mar...

... Se você fosse mar
Grande, azul e águoso...
E eu fosse uma estrela, ainda que do mar,
Não seria pra gente se encontrar,
Por que eu nunca vi
como o destino gosta de ser tinhoso.
Gosta mais é de dificultar
Fazer a gente andar, andar...
Aí, quando a gente parar...
Quando você cansar de ser o mar e no sertão se transformar...
De longe, ali no ar,
Vai ver que eu vou passar
E quando se perguntar
"Que diabo é isso, tão de pressa, tão brilhoso?"
Preocupe não que de algum jeito você vai escutar
"Eu sou estrela, não do mar, só vim lhe reparar...
Passei por um bucado de lugar, mas nunca vi como tu é formoso.
Num importa se é sertão ou se é mar,
Pense num amor gostoso!"

segunda-feira, novembro 29

A estranha sensação de ter alegria.

É quente.
Chega as vezes a... sei lá, dar uma agonia de tão
agradável que aquilo é.
Mas não cansa. Não queima. Não pula. Nem late, nem ladra.
É calma. Intensa.
Perfeita, longe dos parametros da perfeição...
Ela é completa.
O peito abre, o coração acelera e lá vem ela em formato de risada.

domingo, novembro 28

Faça alguma coisa que Brecht

Faça alguma coisa, ator!
Você mesmo, com a vassoura na mão! Teu público te espera a mesa.
E você espectador...
Essa vassoura você nunca pegou?
Faça alguma coisa que Brecht!

Criei esse poema pra essa comunidade!

sexta-feira, novembro 26

Desculpe não conter minha alegria!

Eu só não te convido pra dançar,
Por que a verdade que pula no peito e é espetacular.
Você sempre aproveitou todos os momento... situações propiciais.
Tripudiou e inventou até você mesma acreditar
na mentira, que pra sempre achava que ia levar.
Procuro explicar o meu sentimento e só consigo encontrar
Palavras que não existem no dicionário.
Você consegue entender muito bem meu vocabulário.
Eu só não te convido pra dançar,
Por que a verdade que está aqui, não merece chegar de encontro ao teu olhar.
Nós nunca encontraríamos um bom momento, nenhuma situação propícia,
Mas ela veio, sem momento, sem situação, apenas pra segurar nossas mãos...
A velha amiga e sincera, linda, perfeita e almejada verdade!


segunda-feira, novembro 15

A verdade, caro amigo, é que a verdade dói...

E iria doer em mim também, se eu tentasse enxergar a verdade assim... nua e crua.
Pois não foi assim que a mentira me veio.
Na mesa posta, lá vem ela.
Acompanhada de uns temperos bem estranhos, até diferente de alguns que eu conheço.
Nada muito sem sal, mas também não era insosso.
Tão apetitoso aos olhos, que cheguei a engulir com a colher cheia...
No meio do caminho um gosto horrível, incomível...
Perguntei depois de ter passado pela pior experiência "gastronômica" da minha vida:
-"O QUE QUE ISSO?"
-" É mentira!"
É... Agradável aos olhos, ruim pro coração.
Se era comida o mal seria feito ao estômago, não?
Aí é que está. Quem é que engole mentira? Ou pelo menos suporta ela?
Não deu outra... Vomitei tudo aquilo, não por que queria, na verdade seria mais simples me conformar e esquecer o acontecido... Mas tem hora amigo que o corpo fala mais alto... E por mais obediente e domado que o seu corpo seja, é normal do ser humano se redimir ao erro também... Então pensei:
Pode pôr pra fora. Desculpa se eu enguli... Agora eu sei, coloca pra fora.
E quanto mais eu colocava pra fora, mais eu me surpreendia...
A porra toda que eu tinha visto lá... Tudo explicadinho, tudo "temperadinho" era tudo mentira!
Pra falar a verdade, já que o texto é sobre ela, nem comida era!
Me acalmei.
Nem tentei entender o que estava acontecendo.
Muito menos quis explicação do meu corpo pelo vomito... É bom as vezes desse tipo. Não fede, não é gosmento, nem dar dor na garganta... Só de cabeça, às vezes.
Aí... Eu tava aqui pensando...
Ainda bem que mentira tem perna curta... Aí dependendo da cara de pau do sujeito que conta ela... dá até pra palitar os dentes um cadim, né?

domingo, novembro 7

Não faz muito tempo...

Hoje eu nos vi.
Afastada de mim pude ver o quanto não sou mais de ti
E o quanto você não se importa de que sua parte em mim tenha ido.
Tão pouco lhe é importante, pra onde ela foi.
Não sei aonde eu fui, só sei que não é normal esse frio que sinto, nesse calor que resido.
Esse vazio não me é confortavel, mesmo que por trás dele eu esteja inteira e voando sob plumas.
A falta de ti me toma, como se você realmente fosse essa parte que agora falta em mim.
E não faz muito tempo.
Sob os meus olhos, ainda lembro, as lágrimas que dos teus brotaram. O ramo de flor-sorriso, que demos juntas por diferentes motivos e os abraços lindos que com aquele frio quebraram.
Oh pedaço de mim...
Oh, metade amputada de mim... Leva o que há de ti por que a saudade dói latejada, é assim como uma fisgada no membro que já perdi...


quarta-feira, outubro 27


A manhã nasceu lá fora o meu tempo é mesmo agora...
Já vesti a roupa colorida.
Na cabeça vem aquele verso sobre o meu novo universo.
A canção que é minha preferida...
Nesse rio sei andar na beira... Desvario é essa cachoeira... Trilha subindo a mata... A vista que me arrebata...
Essa estrada me chamou...
Eu vou!
Caminho pro interior...
Quaresmeira se encheu de flores, já calcei o velho tênis...
Não tirei o nosso botton da mochila!
Ter de volta sua mão na minha... A razão por que andou sozinha nem sei mais... Um sentimento não vacila!
Escutei sua voz no vento
Coração salta no meu peito
Estou de alma lavada...
Não chove mais na minha estrada...
Seu olhar já me chamou...
Eu vou... Caminho pro interior...
Bruna Caram

quinta-feira, outubro 21

Eu sei.

Os Mortos sabem mais que os Vivos.
Sabem o gosto que a morte tem.




Zeca Baleiro

domingo, outubro 17

Pelo sabor do gesto.


Me carrega contigo...
No doce som do teu sorriso, na carícia dos seus braços...
Deixa-me ouvir a música dos teus passos, aprender pelos teus rastros...
Pra poder seguir comigo.

quinta-feira, outubro 14

Sua dicotomia Minha

Só em ti o claro torna-se escuro.
Negro.
Tua cor levada ao sol,
Negra.
Teu cabelo regado ao dicotômico mistério de quem tu és.
Branco.
Negro.
Eles dançam, se enlaçam uns nos outros e no fim, parecem assim... Ramos enrolados, longos e libertos. Lindos cachos de flor. Belos como a noite, preta(o) e branca(o).
Teus olhos, claros, negros, como pedras que brilham na escuridão, no breu, no pretume.
Será que vem de Deus a luz do dia?
Ou virá dos olhos teus essa cor que clareia o meu dia?
Lábios rosa, lindo sorriso de dentes grandes, brancos, belas palavras de uma consciência negra, bela mulher branca.




domingo, setembro 12

O grito de um narciso.

Somos assim. Somos compostos dos lados narcisos um dos outros e não nos tocamos disso. Tão pouco prestamos atenção em quanto precisamos uns dos outros pra poder seguir. É impossível seguir sozinho. Ser feliz até é. O conceito de felicidade é tão vasto e cada um pode ter o seu. Mas seguir sozinho, amigo... é ligeiramente impossível.
Você passa a vida tentando, você vive intensamente cada momento dela e sempre há aquele momento que você jura ser o ápice, você acha que aquele ali é o melhor momento da sua vida. A melhor fase. O melhor momento do amor. Da paz. Da sintonia... Você acha que essa é a vida que você merece, por que foi isso que você construiu... E de repente tudo desmorona. Começa a dar tudo errado. E você não acredita mais no que há pouco era o mais puro e verdadeiro sentido da sua vida. E você pára. Você desiste. E você muda a porra da sua vida. Você não quer. Você sofre. Você quer o passado que já foi o melhor momento. Você pensa que simplesmente ser você já basta e esquece que precisa conhecer você mesma... pra poder descobrir o por que de algo está acontecendo com você e conseqüentimente na sua vida. Aí você pára novamente e pensa "Puta que o pariu, mula!"; É... Muitas vezes a culpada de tudo foi você mesma...
Você percebe que a sua vida perfeita foi construída em cima das coisas que você achava certo. Foi montada e planejada com as coisas que você queria e você você você você agonizou.
O mundo não é seumundo, a cidade não é (si)dade, as pessoas, meu bem, não são suas e você acha que elas são. Você acha que merece o melhor do mundo. E cara você, realmente, merece. Mas quando você descobrir que o melhor do mundo, também está em descobrir os seus erros, está em passar por momentos difíceis, sem esquecer do passado... Você percebe, conseqüentemente, que as mesmas pessoas do passado, são pessoas que estão no seu presente e junto com pessoas do presente e um motivo do presente, o ápice das vidas acontece novamente. E você só precisa saber estar e viver com esse conjunto, pra você mesma saber quem você é. Assim como eles precisam de você pra eles saberem quem eles são. Uns narcisos.


quinta-feira, setembro 9

O preço que se paga, as vezes, é alto demais.

Você pára mas você não pensa.
Você vê, você tenta... Mas você não enxerga.
É difícil quando se acha difícil, mas você esquece do que é preciso.
Você não pensa. Você acha que pensa.
E eu... Acho que escrevo...
E a gente tenta.
A gente abre o olho, abre a boca. A gente come. A gente (si) come, mas a gente não vê. A gente não (si) vê.
Você vive, eu escolho, o outro vive
o outro escolhe, eu não vivo, você escolhe.
A gente tenta.
E a gente morre. É neguim... Nesse compasso a gente morre.




terça-feira, setembro 7

Já são duas e tal...

lululul diz:
*aham
*a emily é a ruiva
*e ela tem uma irmã gemea
*que é super patty e super futil
*tipo a emily tb é
*mas ela é bem menos
*amor
*vamo dormir?
Iris diz:
*ahahhahahahahahahahaha
*tava demorando
lululul diz:
*POEJAPOJEPAOJAEJOJ
Iris diz:
*vc mudar o assunto do NADA
*TE AMO
*AHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
*.baço
lululul diz:
*POJEAOOEAJOAEJOJE
*=~
*lululul
*sabe aquele musica
*pera
*eu esqueci
*JEPOJEOAEJ
Iris diz:
*.hap
lululul diz:
*"ei olha só o que eu achei... cavalos marinhos"
*sou bem eu
Iris diz:
*kkk
Iris diz:
*isso pe de bob esponja?
lululul diz:
*JEPOAJEPOAJOJEAOEAJOAE
*nao é legiao urbana iris!
*JEOAJEOAJOEAJEPAJ
Iris diz:
*kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
lululul diz:
* /facep/facep/facep/facep/facep/facep/facep/facep/facep/facep/facep/facep
*JOAPEJAOJEOAJEPOJEOPAPEOAJOEOAJEAEOAJEJJEAOEAJ
Iris diz:
*kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
*TO RINDO ALTO
*MUITO ALTO
lululul diz:
*poejapjpeaejaojeajeoajoaeojeajoaeojaeojae
*HEAUHEAUHEUAHUEAHHAEUUEAEAHEEAHUAE
Iris diz:
*TO RINDO AINDA
*SOCORRO
*SOU MUITO DEMENTE
lululul diz:
*ainda cara?
*.poft
*JEPAJPEJAOJAEJOAJA
Iris diz:
*kkk
*vamos?
lululul diz:
*vamo
*please
*JEPAOJAEOEJ
Iris diz:
*CAVALOS MARINHOS
*.hebkk
lululul diz:
*KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Vamos, com bob esponja, Renato Russo e companhia... pra cama!

domingo, setembro 5

Eis aí o melhor de mim

Eu acordei assustada. Estranhamente assustada...
Vi que por uns dias, vivi a eternidade de pensar que sei quem sou... Que sei quais são os meus... Pensei assim, que tinha alguém e que conseqüentemente pertencia à alguém... Assim, colhi tantas coisas boas e também tantas coisas ruins... Coisas que de uma forma ou de outra me fizeram mal... Que me fez morrer um pouquinho a cada dia... Vivi dias que pensava estar sendo madura, mas na verdade estava sendo suicida...
E aí abri meus olhos, como se tivesse acordado de um sonho...
Hoje, estranhamente, me sinto normal, me sinto leve, me sinto eu.
Assustada eu desfiz um quebra-cabeças que parecia ser o perfeito encaixe da minha vida...
Hoje não sou alguém.
Eu estou alguém.
Amanhã tudo passa.
Tudo muda,
e a gente segue.
A gente cresce.
Hoje, acordando talvez para a eternidade, eu percebo que ter alguém é muito pouco. Pra falar a verdade não é nada. É só uma junção de energias que me prenderam e me fizeram prender pessoas à mim...
Quando na verdade o essencial é estar com alguém... É amar o amor que se sente por alguém.
Só amor...
Respirar amor,
Abraçar amor,
Beijar amor,
Cantar amor
e
Sentir amor.

quinta-feira, setembro 2

Eu, Billie Holiday e Joana


Juntas...
Todas em cima dos cadernos.

segunda-feira, agosto 30

Inveja Musical


Enquanto os homens exercem seus podres poderes...
Motos e fuscas avançam dos sinais vermelhos.
E perdem os verdes...
- Somos uns boçais.
Será que nada faremos a não ser confirmar a incompetência da américa católica, que sempre precisará de ridículos tiranos...
Será que será, que será, que será...
Será que esta minha estúpida retórica terá que soar, terá que se ouvir por mais mil anos?
... Ou então cada paisano e cada capataz por sua burrice fará jorrar sangue demais nos pantanais, nas cidades, caatingas e nos gerais... Será que apenas os Hermetismos Pascoais e os tons os mil tons, seus sons e seus dons geniais nos salvam, nos salvarão dessas trevas e nada mais?
Enquanto os homens exercem seus podres poderes... Morrer e matar de fome, de raiva e de sede são tantas vezes gestos naturais.
Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo, para que aqueles que velam pela alegria... Irem mais fundo... Tins e bens vitais.

Podres Poderes.
Caetano Veloso.

quinta-feira, agosto 26

- Eu ando pelo mundo...


... Prestando atenção à coisas que não sei nome...
Lugares, mares, campos, flores, fome, cores...
Meu amor...
Cadê você?
Eu acordei sem ninguém ao lado...
- É a janela do quarto?
- A janela do carro...
- Quem é ela?
- É uma tela
- Quem é ela?
- Eu vejo tudo enquadrado.
- Devolve o controle?
Edição: Lucília Albuquerque

quarta-feira, agosto 25

Procura-se


Aparece meu benzim... Ninguém aqui aguenta a falta que você faz!
=~~~~~~

Imagem por: besteirolando

domingo, agosto 22

Quando eu morro pra nascer de novo.

O calor nem é o mesmo, parece mais aconchego...
é a vontade de ficar... Com a cara enfiada no travesseiro, sem querer ver o mundo inteiro, mas tendo que levantar.
E aí o vento que me leve, agora eu vou é sentir o medo breve
de saber como é não enxergar, andar sem sair do lugar,
morrer sem me matar.
Aos dias mais entregue, quero poder sentir na pele...
pular, cair, gritar, cortar, sangrar, rir até chorar.
No compasso desse dia, não fiz metade do que devia, no pingo de meio-dia, já se vão aí quase cinqüenta anos.
Seguindo sem me olhar, distraída com o teu caminhar,
notei que se eu me aproximar, eu volto a ter dezesseis anos.
Mas como o tempo não pode voltar,
eu acho até que vou ‘mimbora’ deitar, pra ver se eu tô sonhando...
Eu não vou me entregar! E se eu morrer e não vos falar o que é que eu tô pensando?!
- Não quero te atrapalhar. Eu tava só passando. Reparei o seu olhar nas flores deste campo e vim aqui lhe entregar. Não se intimide de pegar... O tempo está passando, minha hora está chegando... Eu já tô até bocejando, está realmente, na hora de acordar!
Daqui a um minuto o galo vai cantar, e eu só quero saber...
- Eu te amo.

quinta-feira, agosto 19

Sen.Ti.Men.Tos

Ei coração...
Eu quero que você seja forte.
Eu não sei andar sozinho...
Sou como cego em tiroteio sem teu passo.

O que sinto é tão bonito...

É Sem você ou sem Sentido.
Tirando você de mim já não respiro.

Se tô na merda não admito.
Preciso de compreensão, amor, carinho
Tendo isso me satisfaço.

Ei, isso é como destino
Caiu no meu caminho
E agora é que eu não largo.

É que tá batendo devagarzinho...
E quando te vejo é um disparo!
Ei coração...
Eu preciso que você seja forte.
É que hoje eu tô com muita sorte
E se o Negão cair no teu raio,
É capaz de eu ter um desmaio
vendo a hora
morrer com sorte.


segunda-feira, agosto 16

Sa'manta

Você que esteve comigo quase a minha vida inteira... Podemos dizer que crescemos juntas, não é? Sempre foi você, sásá, quem aqueceu minha alma com seu jeito fofo e doce de ser... Ensinando-me a ser alguém maior com o tempo...
Nos dias tristes e tediosos... você quem está comigo! Nesses dias, percebemos que nós crescemos juntas, sa'manta! Eu, você e os chocolates!
Quando está frio quem é que me esquenta? Quem acolhe meu corpo? quem me dá abrigo, me acobertando toda? É você... Só cabe você!
Mas samanta, o tempo está mudando... O aquecimento global está cada vez mais intenso e o mundo cada vez mais quente... Tá um calor do caralho e... PORRA, SA'MANTA DE BANHA, SAI DESSE CORPO QUE NÃO TE PERTENCE MAIS, DJABO DO MEU ÓDIO!



Créditos para Mu que serviu de inspiração para eu escrever esse texto... BRINKS
Ela quem deu o título e eu tive a idéia de escrever sobre minha pobre e extensa camada de gordura!
Beijo rolhinha, cefet mimim .core .baço

sábado, agosto 14

Sem voltar à trás

Eu estou aqui, da mesma forma que estive há alguns anos...
A janela ainda é a mesma, a diferença é que não tem mais aquele cheiro de tinta branca... Você sabe que eu sempre acreditei que toda cor tem seu cheiro? Assim como sempre acreditei que cada número pertence à uma cor? Enfim, o cheiro não existe mais, não aquele, de tinta branca. Nem a janela era mais a mesma, agora há poeira e... Não sei.
Eu ando por esta casa, como se a conhecesse com a palma da minha mão. Se eu andasse aqui de olhos fechados, talvez nada fosse derrubado... E isso me deixa realmente triste. Tudo se torna tão obvio... E olha que eu já tentei inovar, mudar a mobília de lugar, comprar móveis novos, mas eu acho que é algo interno, ou em mim ou nesta casa.
Sentada à beira da porta do meu quarto, que se encontra aberta, coisa que eu odeio, eu me pergunto: "E aí?" Sinceramente, não sei se eu queria passar por isso de novo... Talvez se eu ouvisse uma resposta, acabaria logo com isso.
"Faça assim."
Mas infelizmente ou não... Eu sei que não é assim e que essa pergunta é retórica, e não sei só por uma questão gramatical, mas por que a ela ecoa em mim como um zunido chato... Que é capaz de me enlouquecer!
Minha vontade é gritar: "EU NÃO SEI, PORRA! O QUE É QUE SE FAZ DEPOIS DE TUDO?"
Se da ultima vez eu soubesse como seria... A casa, a janela, a porra dos móveis... Eu teria optado por ser tudo diferente...
Não tudo.
Mas...
É.
Tudo.
Eu optaria por não ter uma casa, assim eu podia sempre estar viajando sem me preocupar com nada; veria sempre meus amigos e nunca sentiria falta deles, por que um pouco de amor havia guardado na saudade que há pouco eles haviam deixado; obviamente novas amizades e novos amores sempre surgiriam e o esquema do amor/saudade seria o mesmo citado à cima... Sempre teria um chocolate na bolsa, por que quem iria perceber se eu estava mais gorda ou mais magra? Optaria pelo mais simples sempre, por que nesse compasso a vida segue mais leve e a gente fica menos sobrecarregada, em relação à tudo...
  • Mochila;
  • Roupas;
  • Amor e
  • Uma escova de dentes.
Pronto!
E se eu cansasse?
Se me arrependesse?
Eu pensaria nas coisas que eu escolhi por não escolher...
O gelo da Austrália, a imensidão de Nova Iorque, Os abraços nada afetivos dos japoneses, na estranha sensação de ser amada por uma pessoa sem sequer conhecê-la... mas amar aquele amor. Em ser ladra, Farmacêutica... Atriz!
Mas aí, sem mais nem menos... Como em todas essas outras vezes...

"E aí, í í í í... í ?"

sexta-feira, agosto 13

Só isso que eu tenho pra falar...

Se agregar não é segregar.
Se agora for, foi-se a hora.
Dispensar não é não pensar.
Se saciou foi-se embora.
Se lembrar não é celebrar...
Dura é a dor quando aflora.
Esquecer não é perdoar.
Se consagrou... Sangra agora.


Reciclar a palavra, o telhado e o porão...
Reinventar tantas outras notas musicais...
Escrever, o pretexto, o prefácio e o refrão.
Ser essência... Muito mais!
Se lembrar de celebrar muito mais...

(!)
O teatro mágico

quinta-feira, agosto 12

Coletividade

Uma muda de planta, um saco de areia e um balde com água.
Um saco de areia aberto, um balde com água e uma muda de planta.
Uma muda de planta sob a areia e um balde com água.
Balde seco, terra molhada e acima uma árvore.
=

sexta-feira, agosto 6

Cala a boca, Lulu!

Olá. Não sei ao certo à quem, mas olá.
Nunca escrevi aqui numa perspectiva de primeira pessoa. Assim, eu falando sobre o que me vem na cabeça agora, sem saber ao certo como será o final desse post.
Pois bem, quem vos fala sou eu. Lucília. Aliás, Lulu. Gosto deste apelido pelo mesmo motivo que gosto deste blog. Lulu significa eu mesma. Significa que onde quer que eu vá, não importa o que tenho, o que faço, o que estudo ou como sou; apenas importa que eu sou Lulu. Assim como aqui.
É bem certo que não tenho nenhum fã ou um admirador secreto que leia o que escrevo, mas as poucas pessoas que aqui freqüentam, fazem isso. E pra mim já basta. Se quer imagino que elas, aliás, vocês, por que certamente estão lendo este post, pensem em como é a minha vida. Até por que, com certeza iriam se cansar antes de chegar na terceira palavra: Tédio tod...(bocejo)...os dias!
Vocês assim como eu devem estar se perguntando: "Por que ela está fazendo isso?" É. Eu também não sei. Talvez por que eu precise escrever sem parar, sobre alguma coisa ou sobre nada e não queira encher o saco dos meus amigos com isso, se bem que só vocês entram aqui, mas pelo menos fica uma coisa mais compartilhada né, o peso não cai só pra cima de uma pessoa.
Oi Iris Felix!
Eu sinto como se tudo que eu precisasse na vida fosse TUDO. É. Por que tudo é a mistura de nada com mais um monte de coisas, e é isso que eu quero pra mim... Como eu não posso ter, ou pelo menos não sei como ter, eu começo a ser "Lulu insuportável" Mode on:
Eu reclamo demais. Isso é um fato. Quem me conhece deve perceber que eu reclamo de pelo menos 80% da minha vida. A maior parte do tempo eu reclamo por que não tem comida e na parte que sobra reclamo por que estou gorda, QUER DIZER.
Tudo bom, Emilia?
Na verdade eu sei que o que me falta é ALGUMA COISA PRA FAZER. Sério. Mesmo quando eu tenho um monte de coisas pra fazer parece que eu não tenho nada, por que eu tenho preguiça de concluir as coisas (se essas coisas forem chatas). E quando eu não tenho nada pra fazer, tipo agora, eu penso em por que férias tem que ser, basicamente, tédio em tempo integral. Daí aflora em mim aquele velho ócio produtivo: Desenhar, pintar, cantar, escrever, encher o saco...
MUUUUUUUUUUUUUURIS! =*
Isso chama depressão... Essas horas eu estava muito bem no apartamento da cefet mais linda e branca desse mundo. Fazendo o que eu não sei bem, provavelmente falando com alguém no skype, que depois do blog é o meu maior vício!
Depois nós nos arrumaríamos pra irmos no show da Ana Carolina, no projeto Ensaio de Cores. Depois tomaríamos umas cervejas e iríamos dormir... Aí vocês me perguntam: Lulu... Mas sair pra tomar três e voltar às onze e acabar tomando onze e voltando às três é quase uma rotina na sua vida, minha filha! TÁ, MAS PORRA... Eu estava muito bem ali. Aqui é, sabe? O mesmo de sempre... Depressão pós viagem: Mode on.
Oi, Eu mesma, sumida fdp. HUM.
PIORRRR DE TUDO, É LULU DRAMÁTICA: MODE ON: SAIAM DE PERTO!
Em caixa alta pra depois não dizer que eu não avisei... Como definir esse meu eu...
Rir de mim mesma... Choro;
choro;
choro, rir de mim mesma;
choro;
choro...
...Claro!
Choro!
Fora todas esses trágicos e cansativos eu's que vos apresentei, eis aqui a Lulu idiota! QUe está presente em praticamente todo o texto. rs
Um beijo pra quem conseguiu ler até o final, um beijo pra quem não é meu amigo, que eu sei que lê esse blog. Um beijo pra minha mãe, pro meu pai, pro meu irmão. Um beijo pra Kiana, gente!
E pra Thuysa. Olha lá, você que pulou direto pro final um beijo, um beijo!

quarta-feira, agosto 4

[ ~]


Do lado de cá, tem música, amigos e alguém para amar...
Do lado de cá...
A vida é agora. Vê se não demora pra recomeçar.
Tenha vontade de felicidade, e pule pro lado de cá!

Eu...
Nós...
Ainda estamos no mesmo lugar.

terça-feira, julho 20

O mundo

Ela é a personagem principal de um mundo que criamos juntas. Eu e ela. Tudo lá é plural, um plural de dois. Um S que só cabe nós duas. Lá nós respiramos um ar que purifica esse amor. Pisamos num chão que nos fortifica e comemos açúcar para que sejamos sempre doce.
Criamos um mundo suspenso do nosso, por que precisávamos de um apoio. Tudo que sentíamos era intenso demais. Ardia demais. Precisávamos nos catalizar e para isso tínhamos que estar sempre juntas; coisa que no mundo real, não podia acontecer. E juntas ficamos neste mundo.
Muitas vezes nós nos cansamos de onde vivemos... abandonamos o rumo do nosso caminho, mas vem o destino e ZÁZ, te lembra de tudo aquilo que você tem... Um mundo... Uma personagem principal... E aí voltávamos juntas para o mundo, sim assim ele se chama, o mundo.
Corríamos em direção uma da outra, como cena de filme. Parávamos e ficávamos esperando o primeiro sinal que surgisse para nos abraçar. Sentávamos a beira do mundo, olhávamos as coisas que lá nós tínhamos construído, nosso jardim, nossos bichos, nossa casa... Nos abraçávamos com o olhar, sentíamos a imensidão daquele amor e em paz podíamos dormir.
Bem. São 04:12 da manhã. E ela... não está aqui...O mundo está vázio. Quase não pulsa mais. O mato cobriu quase tudo... Os bichos, por mais amados que sejam, sentem nossa falta. Hoje, eu vim sozinha... e realmente esperava a encontrar aqui, nem que estivesse dormindo, mas que estivesse me aguardando... Bem, assim eu vou fazer. Esperarei por ela à cada minuto. Farei das nuvens palavras da solidão de ser só dois, as pintarei de amor, e as regarei todos os dias com esperança... E o sol reluzirá vermelho, quando o raio em seu cabelo anunciar: "Wait...

They don't love you, like i love you!"

À todos vocês: Confissão III


Medo bobo. Não do seu coração, que sei doce. Eu tive medo de bater à sua porta e não ser atendida. Tive medo de não ser bem recebida. De você abrir, me ouvir chamar teu nome e fechar a porta, dizendo se tratar de engano, me pedindo gentilmente para verificar o endereço- como se eu não o tivesse feito centenas de vezes. Parece balela, bem sei, mas faz parte da minha educação: fico a um passo da porta, ainda que aberta, mas não entro sem um convite. Posso passar anos ali, parada, criando bolor. Jamais invadiria, não penetraria à sua casa nem que fosse com à ponta dos pés, ainda que eu tivesse leveza. Dedicada, sofrida e apaixonada bailarina. Tive medo de que ele, o convite, não viesse. Tive medo de ficar ali parada, à porta do seu coração, pelo tempo de uma eternidade que não findasse. Fico pálida só de pensar. E volto a habitar o continente de gelo. Quando percebo que já é madrugada e os seus olhos me transportam sem mim há duas ou mais semanas. Parece ontem, parece hoje, parece sempre. Parece um ontem mal resolvido, um agora: rebobino a fita centenas de vezes, mas lá dentro de você eu continuo sentada, com medo, olhando a rampa que não desço. Eu não sei o que fazer e não consigo voltar, uma vez que estou dentro de onde sempre quis estar. Se eu dissesse que te amo, você, o que diria?

Texto de: Lila Alves

domingo, julho 18

domingo, julho 11

"Se nos ouvissem...

(religião. política. futebol. hierarquia. bruxaria. escolha. raça. negro. moreno. loiro. ruivo. mulato. pobre. rico. crianças. pais. filho. amigo. namorado. namorada. mulher. homem. idoso. gay. lésbica. bi. metrossexual. liberdade. Rock n'roll. sertanejo. pop. forró. axé. pagode. samba. orquestra. música. careca. cabeludo. piercing. tatuagem. alargador. sabedoria. ignorância. nerd. magro. gordo. feio. bonito.




intolerância. compulsividade. repulsividade. emo. indie. gótico. patty. surfista. skatista. playboy. peão. hippie. alto. baixo. louco. paralítico. cego. epiléptico. doente. mudo. surdo. aids. libertinagem. dependentes químico. hipocondríaco. depressivo. lixeiro. médico. prostituta. advogado. estilista. mendigo. músico. poeta. narcista. poser. brasileiro. americano. alemão. judeu)

... não seriamos um problema social"

segunda-feira, julho 5

Cem Inspirações


De que me valem?
De mãos atadas nada posso fazer... Com a boca fechada, nem um "foda-se você!"
Sentir, sentir, sentir, sem ti.
Do que me vale? O que me resta então?
Seguir?
Não dá.
Está tudo pela metade. Eu sou pela metade.
Sem ti.
Não posso falar, nem gritar, nem te abraçar... só sentir.

quinta-feira, julho 1

É... a loucura não existe.


Será que você está
T
R
a
n
C
A
DAlifora? Seráqueasperguntasestãocertas?
Então...
...[t] [r] [o] [ ] c [a]...
[ ] e[ ] u
me.tranco.em.você
.e.
deixo.as.portas
ab
er
ta
.s.


segunda-feira, junho 28

Juntinho!

O grande inventor disso, disso tudo que eu estou sentindo se chama coração. É ele quem nos ensina a enxergar os momentos com outros olhos, com uns olhos mais sensíveis, menos cautelosos... talvez bem menos medrosos do que se possa encontrar!
Ele nos permite criar um tempo e um espaço onde podemos chamar de nosso, e nada pode tirar isso de nós.
O amor não é como relógio ou balança. Ele é marcado pelo tamanho do sorriso ou pelo peso do afago de um abraço. E por incrível que pareça, como passe de mágica ou não, eu tenho tudo isso, lá, lembra? No tempo suspenso e no espaço indefinido que nós criamos?
Fazia tempo que não me sentia assim. E é bom!
Esquecer que as horas sequer existem. Sim por que para nós elas não significam nada, a não ser um monte de números sobrepostos, que não nos levam a nada.
Você também sente isso?
Quem precisa de um passado para existir, sou eu, é você... Esse amor não! Esse amor é...
Lindo; é livre; é intenso; eterno; quente; vivo. Tem som, cor, sabor e até aroma mas...
Não posso tocá-lo! Ele é leve e talvez com o toque se quebre, se perca.
Não.
Deixa assim mesmo.
Só senti-lo me basta. Te basta também?



sábado, junho 26

O essencial é invisível aos olhos.


Meu bem hoje me pede pra apagar a luz... Mas pôs meu frágil coração na cruz do meu medo particular...
Sei lá, com a tua ausência tudo se transformou em caos... mas já são 4 e tal...
O desamparo que não me deixava dormir, as horas passavam por ali e eu já não sabia mais de nada. Respirei mas não adormeci.
Então... No meu externo silêncio e na gritaria que eu guardava, segui meu dia, sem ti e sem nada.
Faltava quase nada para o fim, mas lá vem você na madrugada... Com essa voz dizendo assim (...)
Agora já não lembro nada sobre rostos, letras, semelhanças... Não quero mais saber, não. Mais nada.
A alvorada vem aí... E pensei em quantas vezes fui injustiçada por tentarem buscar explicações para tudo, inclusive para o que se sente. Quer saber? Ainda estou confusa mas agora é diferente, finalmente estou tranqüila e contente!
O que era dor me deixou sorrir, por que abri meu peito e resolvi desatar os nós.

quinta-feira, junho 24

Não vivo na superfície das coisas...



Sei lá, tem sempre um pôr-do-sol esperando para ser visto.
uma árvore, um pássaro, um rio, uma núvem. Pelo menos sorria.
Procure sentir amor. Imagine, Invente, Sonhe, Voe! Se a realidade
te alimenta com merda, meu irmão, a mente pode te alimentar com flores.
Eu não estou fazendo nada de errado. Só estou tentando deixar as
coisas um pouco mais bonitas.

(Caio Fernando de Abreu)

terça-feira, junho 22

Ócio



B – É muito legal. Você faz um para mim?

M - É feito de casca de ovo e concreto...

B – Você faz um para mim?

M – Concreto, tinta e casca de ovo.

B – Não perguntei do que é feito, perguntei se você me faria um.

M – Toda vez que como um ovo, colo a casca ali e pinto com spray.

B – Você... Faz... Um... Para... Mim...?

M – Você pára de pensar em si mesmo em termos de eu, você pensa em nós.

B - Vamos logo pra cama... Você é lésbica?

quarta-feira, junho 16

Um dia de domingo...


Éramos pequenos. Pelo menos eu era.
Você apenas um menino, todo suado, sujo de lama e eu lembro... Todo domingo tinha grama no seu cabelo. É... os domingos...
Eu achava linda sua admiração pelo Ayrton Senna, ele realmente merecia... E eu não entendi muito bem... Era um domingo qualquer, mas havia algo estranho. Você não tinha suor, nem lama na camisa, muito menos grama na cabeça, Guga.
"Neste primeiro de Maio de 1994, morre em um trágico acidente o piloto Ayrton Senna"...
Te vi saindo como nunca havia visto tal cena em minha vida... Nós sentia-mos a tua dor.
O tempo passou, menino. Eu cresci, mas agora você já era um homem, pelo menos pra mim.
E eu continuava achando lindo quando ia para escola, você jogado nas escadas do prédio. E quando tua irmã me dizia "Só bebe, esse menino" lhe respondia "Quando crescermos vamos ser do mesmo jeito, Renata..." Dizia com os olhinhos brilhando, certamente.
Mais uma vez o tempo passou... A necessidade de ir embora do prédio foi gritando cada vez mais alto, e eu fui... Durante "todo" esse tempo nós nos falamos muito pouco... Em 2004 tudo mudou para nós, não é? Eu me mudei, nossos pais se separaram, Renata, que reclamava tanto de ti, de tão bebada engravidou com 15 anos. E você, Guga? Se internou a primeira vez com problemas no figado... Talvez ela tivesse razão... Tudo precisa de um limite, não é? Talvez o céu fosse o seu... Assim como era o do Senna...
Domingo... 13 de Junho de 2010, Eu não fui à sua casa brincar com tua irmã; não te vi sujo de lama ou fedido a suor, muito menos com grama na cabeça. Era domingo e já não passava pela minha cabeça se você continuara a fazer isso... Provavelmente não, né Guga? Onde você tava? Não sei... Talvez misturando os esportes e correndo, não atrás da bola, mas atrás do Senna... O que se pode pensar o que se passa na cabeça de quem está em coma? hum...
É Gustavo... É estranho... Nós tinha-mos um contato. Eu na minha e você na sua. E sempre nos demos bem assim. Esse contato podia ser frio, podia ser quase gélido, mas era um contato diário e até perceptível pois, se eu deixava de ir um domingo à tua casa, você sentia minha falta! Talvez neste domingo, onde eu não lembrava mais de você, você também não lembrasse mais de mim... ou lembrasse de mais alguém. Mas nós sentimos tua dor Guga. Da mesma forma que tu um dia sentiu a do Senna.
Se estás ao lado dele ou não... Não importa...
Teu futebol, teu suor, tua sujeira e as graminhas no cabelo...
Acho que é isso que você está fazendo agora!
Vai em paz garoto!

segunda-feira, junho 14

Carência feminina x Tédio masculino

VERÔNICA-

Onde estão as outra, as viúvas que

carpem os seus mortos com a senhora?

AMARA-

Logo mais vou me encontrar com elas.

Devem estar assustadas com o canto

da mulher loira que tanto persegue

as mulheres desta maldita ilha.

E depois do canto, o mesmo chamado

aos nossos homens que ela destruiu.

VERÔNICA-

Mas, tudo isso só vive na memória!

AMARA-

Para quem não tem presente, a memória

é a realidade única possível.

VERÔNICA-

Culpa-se uma mulher que não existe

para esconder a culpa que se traz.

AMARA-

Culpa? Culpa, Verônica? Que culpa?

VERÔNICA-

A de todas as mulheres desta ilha.

AMARA-

As mulheres daqui são bem mais puras

que as mais puras que possam existir.

VERÔNICA-

Depende do que entende por pureza.

AMARA-

Nós não temos traições nem bigamia. U

ma "prostituta" não há em toda ilha. A

quelas que aqui chegaram

nós expulsamos com todo rigor. D

e que culpa nos pode acusar?

VERÔNICA-

De violência contra a natureza. E

m nome da moral vocês destroem

o que mais puro há no ser humano.

Um amor que se esconde por vergonha,

que é sufocado como crime torpe.

De legítimo, torna-se bastardo

por temer assumir sua condição.

AMARA-

De que está falando?

VERÔNICA-

Do amor. Do amor q

ue nesta ilha dizem ser perfeito

e não é mais que um medroso contato

de corpos que se pejam de encontrar.

É frio, é triste como são tristes

os homens que buscam noutros leitos

satisfazer fantasias ideadas

na frigidez do leito da esposa.

AMARA-

O que sabe você de nossas vidas

para nos acusar de frigidez?

VERÔNICA-

Não é preciso saber muito. Basta

que se contemplem os homens daqui.

Toda a tristeza que há nos seus olhos

denuncia a frigidez do leito

que lhes matou a vontade de viver.

E só lhes resta como alternativa

engendrar sonhos loucos e fantásticos

no desespero do corpo insatisfeito...

Almejam a mulher inatingível

que os ame com furor inusitado,

c

om frenética entrega, sem recusas.

AMARA-

Fantasias! Somente fantasias

para justificar seus próprios gostos!

VERÔNICA-

Não, não são fantasias! Todos sabem

que o pescador professa a solidão

em que tece a teia de sonhos e imagens

que com ele compartilha o seu dia.

Quem trabalha e vive tão sozinho

calor humano precisa encontrar

na casa, na mulher, no leito quente

que afugente os fantasmas e duendes

que povoam os pensamentos solitários.

A Alamoa é um mito inventado

por mulheres que têm medo de amar

e por tristonhos homens sempre sós.

AMARA-

Não inventei fantasmas nem visões

nem transferi qualquer culpa à Alamoa

que já não houvesse sido aqui plasmada

na consciência de todas as mulheres

cujos maridos no mar se perderam.

VERÔNICA-

Perderam-se no mar pela Alamoa! (risos)

AMARA-

Sim. Foi ela quem perdeu nossos homens.

E seu marido navega a mesma senda

em que uma noite se perdeu seu pai.

E você permanece tão tranqüila

como se não temesse por sua vida

ou mesmo não lhe tivesse algum amor!

VERÔNICA-

Exatamente porque existe amor

entre nós, sei que Pedro voltará!

O amor há de ensinar-lhe o itinerário

e ser seu lume em meio à tempestade.


Texto: Alamoa, Pimentel, Altimar.