sábado, agosto 14

Sem voltar à trás

Eu estou aqui, da mesma forma que estive há alguns anos...
A janela ainda é a mesma, a diferença é que não tem mais aquele cheiro de tinta branca... Você sabe que eu sempre acreditei que toda cor tem seu cheiro? Assim como sempre acreditei que cada número pertence à uma cor? Enfim, o cheiro não existe mais, não aquele, de tinta branca. Nem a janela era mais a mesma, agora há poeira e... Não sei.
Eu ando por esta casa, como se a conhecesse com a palma da minha mão. Se eu andasse aqui de olhos fechados, talvez nada fosse derrubado... E isso me deixa realmente triste. Tudo se torna tão obvio... E olha que eu já tentei inovar, mudar a mobília de lugar, comprar móveis novos, mas eu acho que é algo interno, ou em mim ou nesta casa.
Sentada à beira da porta do meu quarto, que se encontra aberta, coisa que eu odeio, eu me pergunto: "E aí?" Sinceramente, não sei se eu queria passar por isso de novo... Talvez se eu ouvisse uma resposta, acabaria logo com isso.
"Faça assim."
Mas infelizmente ou não... Eu sei que não é assim e que essa pergunta é retórica, e não sei só por uma questão gramatical, mas por que a ela ecoa em mim como um zunido chato... Que é capaz de me enlouquecer!
Minha vontade é gritar: "EU NÃO SEI, PORRA! O QUE É QUE SE FAZ DEPOIS DE TUDO?"
Se da ultima vez eu soubesse como seria... A casa, a janela, a porra dos móveis... Eu teria optado por ser tudo diferente...
Não tudo.
Mas...
É.
Tudo.
Eu optaria por não ter uma casa, assim eu podia sempre estar viajando sem me preocupar com nada; veria sempre meus amigos e nunca sentiria falta deles, por que um pouco de amor havia guardado na saudade que há pouco eles haviam deixado; obviamente novas amizades e novos amores sempre surgiriam e o esquema do amor/saudade seria o mesmo citado à cima... Sempre teria um chocolate na bolsa, por que quem iria perceber se eu estava mais gorda ou mais magra? Optaria pelo mais simples sempre, por que nesse compasso a vida segue mais leve e a gente fica menos sobrecarregada, em relação à tudo...
  • Mochila;
  • Roupas;
  • Amor e
  • Uma escova de dentes.
Pronto!
E se eu cansasse?
Se me arrependesse?
Eu pensaria nas coisas que eu escolhi por não escolher...
O gelo da Austrália, a imensidão de Nova Iorque, Os abraços nada afetivos dos japoneses, na estranha sensação de ser amada por uma pessoa sem sequer conhecê-la... mas amar aquele amor. Em ser ladra, Farmacêutica... Atriz!
Mas aí, sem mais nem menos... Como em todas essas outras vezes...

"E aí, í í í í... í ?"

Um comentário:

  1. Lulu sua morada é aqui,dentro de nós...
    Onde vc pode recolher-se e apenas repousar em nosso afeto e zelo...

    xerãooooooooooo Te amo (L)

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