domingo, agosto 22

Quando eu morro pra nascer de novo.

O calor nem é o mesmo, parece mais aconchego...
é a vontade de ficar... Com a cara enfiada no travesseiro, sem querer ver o mundo inteiro, mas tendo que levantar.
E aí o vento que me leve, agora eu vou é sentir o medo breve
de saber como é não enxergar, andar sem sair do lugar,
morrer sem me matar.
Aos dias mais entregue, quero poder sentir na pele...
pular, cair, gritar, cortar, sangrar, rir até chorar.
No compasso desse dia, não fiz metade do que devia, no pingo de meio-dia, já se vão aí quase cinqüenta anos.
Seguindo sem me olhar, distraída com o teu caminhar,
notei que se eu me aproximar, eu volto a ter dezesseis anos.
Mas como o tempo não pode voltar,
eu acho até que vou ‘mimbora’ deitar, pra ver se eu tô sonhando...
Eu não vou me entregar! E se eu morrer e não vos falar o que é que eu tô pensando?!
- Não quero te atrapalhar. Eu tava só passando. Reparei o seu olhar nas flores deste campo e vim aqui lhe entregar. Não se intimide de pegar... O tempo está passando, minha hora está chegando... Eu já tô até bocejando, está realmente, na hora de acordar!
Daqui a um minuto o galo vai cantar, e eu só quero saber...
- Eu te amo.

2 comentários:

  1. "O calor nem é o mesmo, parece mais aconchego...
    é a vontade de ficar... Com a cara enfiada no travesseiro, sem querer ver o mundo inteiro, mas tendo que levantar."

    Muita coisa já não é a mesma, sabe? A cada dia é mais perceptível. As nuances estão se revelando e segundindo seu caminho. E quer saber? Já não tenho vontade de ir na mesma direção...
    Tá, não vem ao caso citar nada disso, mas esse post é TÃO gostoso, que parece música. Faz despertar umas coisas na gente feito melodia própria, respirar próprio com vida própria.

    Não sei bem...só sei que faz bem...assim como você.

    (L)

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